sexta-feira, 12 de julho de 2013

Les financiers (Os financeiros)


Hoje em dia sempre escuto as pessoas falando em praticidade na hora da alimentação. Eu até compreendo essa onda de comida fast food; Mas sou mesmo é defensor do movimento slow food.
Com esta premissa fui dar uma olhadinha na história e descobri que esta onda de praticidade não é tão nova quanto parece. Desde 1890 os franceses já enveredavam por este caminho. E foi aí que Le Financier ganhou mais popularidade.


Um Financier nada mais é do que um pequeno e delicado bolinho. Discreto na aparência ele pode encantar com a suavidade de seu sabor: a primeira impressão que se tem dele é de um bolo seco e duro (por fora), mas quando se morde, ele se revela macio e úmido. É tão popular na França que já não aparece mais nem nos livros de receita. Sua base é feita de amêndoas, açúcar e manteiga e combina com todas as ocasiões.


Sabe-se que seu surgimento é secular (provavelmente no século XIX), sendo desenvolvido pelas irmãs da Ordem da Visitação. O bolinho da visitação – assim chamado na época – tinha formato ovalado e encantavam por seu aroma de amêndoas. No entanto as coisas mudaram após a Renascença (a “arsênica sensação” de amêndoa amarga – advinda desde os tempos de Catherine de Médici que possuía uma tendência infeliz de dar presentes envenenados, acabava assustando as pessoas. Assim tudo que era feito com amêndoas foi suspeito durante séculos. Talvez por isso os bolinhos da visitação não tiveram tanto renome).


 Essa receita das irmãs da visitação teria então inspirado um confeiteiro francês de nome Lasne, que em 1890, era dono de uma confeitaria que ficava perto da Bolsa de Valores, em Paris. A sua clientela era composta principalmente de ansiosos financeiros que procuravam engolir tudo rapidamente. Assim, Lasne também teve a ideia (uma brilhante jogada de marketing) para alterar a forma oval do bolinho original para que ela evocasse a forma de barras de ouro.



Lasne teria dado ao doce o nome financier para afzer uma alusão ao bolinho  modelado no formato de barras de ouro que iria acompanhar o chá ou café dos “financeiros” da Bolsa de Paris. As “barrinhas” eram embrulhadas para não sujar as mãos dos clientes, um charme na hora de fechar grandes negócios, como convidava o menu da confeitaria.
No entanto, há quem conteste que a confeitaria de Lasne teria lançado o financier para conquistar uma identificação com os ricos que frequentavam o mundo dos negócios – principalmente, pelo fato de que as amêndoas eram ingredientes considerados de luxo e caros para aquela época. Outros ainda dizem que os suíços sãos os responsáveis pelo nome e pela forma do bolinho. Mas uma coisa é fato consumado e indiscutível: o financier surgiu para atrair a classe abastada dos frequentadores do mercado financeiro.


A Larousse Gastronomique, a mais importante enciclopédia da gastronomia, não divaga nem afirma nada sobre a origem do financier, mas define o bolo como sendo feito a partir de uma mistura aerada de amêndoas moídas e claras batidas. "Financiers pequenos são ovais ou retangulares, podendo ser utilizados como base para petit fours gelados", diz o livro. "Grandes bolos feitos com a mesma mistura são decorados com amêndoas e frutas cristalizadas. Para prepará-los, costumam ser assados em fôrmas que diminuem seu tamanho e, em seguida, os grandes bolos são construídos com camadas desses, que foram assados separadamente."


Tive até uma inspiração: com as facilidades de hoje podemos deixar os financier ainda mais personalizados, mais simbólicos, imaginem encapá-los com folhas de ouro comestível e deixa-los idênticos as barras de ouro original? Uma ideia boa, não é? ( Tudo bem, vamos colocar os pés no chão – nem todo mundo tem dinheiro pra ficar cobrindo bolo com ouro. Mas com certeza qualquer um pode fazer estes bolinhos pra se deleitar na hora do café. Hoje em dia, nas lojas que  vendem material pra festa se pode encontrar  as forminhas nos formatos tradicionais e que facilitam seu trabalho. Mas se você não quer  gastar, use aquelas velhas forminhas de empada que você deve ter  guardado no seu armário. O importante é preparar a receita e sentir o sabor.



Financier (receita básica)

Ingredientes:
150g de açúcar de confeiteiro
50g de farinha de trigo
80g de amêndoas processadas (em farinha)
3 claras
140g de manteiga sem sal derretida e fria

Preparo: Bater as claras em neve. Acrescentar a farinha de trigo, as amêndoas, e o açúcar, batendo delicadamente. Juntar a manteiga, sem parar de mexer. Distribuir em forminhas (pode ser de barquetes) untadas e polvilhadas. Leve ao forno à temperatura de 230ºC por 7 minutos, reduza a temperatura para 200 ºC e asse por mais 7 minutos. Retire do forno e deixe esfriar. Conserve em potes de vidro por até 15 dias.
  
Financiers de castanha de caju
Ingredientes

150 g de manteiga sem sal
1 xícara de farinha de castanha de caju (ou de amêndoas) - 110 g
1 e 1/4 de xícara de açúcar de confeiteiro - 180 g
1/2 de xícara de farinha de trigo - 60 g
3/4 de xícara de claras - 180 ml - 6 claras de ovos médios

Preparo: leve a manteiga ao fogo médio e deixe dourar. No início vai fazer um chiado, quando o barulho parar fique de olho para que a manteiga não queime e desligue o fogo. Deixe esfriar um pouco. Misture a farinha de castanha com a farinha de trigo e o açúcar. Junte as claras sem bater e misture bem. Adicione a manteiga e misture. Coloque a massa em forminhas pequenas untadas e enfarinhadas. Leve ao forno médio por aproximadamente 25 minutos ou até dourar.

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